sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Especial: viúva de Valdetário é condenada a 24 anos em Pau dos Ferros

Prestes a completar quatro anos da morte de Elinaldo Simião Pereira, assassinado com quase 20 tiros de pistola e revólver no dia 3 de março de 2006, em Pau dos Ferros, a acusada de encomendar o crime foi condenada pelos jurados do Tribunal de Júri Popular.

O julgamento foi realizado ontem, e Aguinalda Fernandes Benevides, "Neta", 46 anos, viúva do assaltante Valdetário Carneiro Benevides, morto pela polícia em 2003, foi condenada a 24 anos de reclusão em regime fechado.

Ao proferir a sentença, o juiz José Ricardo Dahbar Arbex, que foi designado especialmente para presidir essa pauta do Tribunal de Júri, optou por não informar a quantidade de votos a favor da condenação da ré.

Segundo foi apurado pela reportagem, essa é uma medida de segurança que em alguns casos é adotada por alguns juízes, dependendo do tipo de julgamento. Por se tratar de um caso que teve grande repercussão em toda a região Nordeste do país, várias medidas de segurança foram adotadas. Uma delas foi proibir que a imprensa captasse imagens de algum dos jurados.

O julgamento começou por volta das 8h30 de ontem e logo nos primeiros minutos apareceu a primeira surpresa. Além de "Neta", que é natural de Caraúbas, outras duas pessoas seriam julgadas pela morte de Elinaldo. Rogério Lima Costa, 29, natural de Caraúbas, e Márcio José Francilino, "Márcio de Godô" ou "Galego", 31, oriundo de Umarizal, foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) como a dupla que executou o agropecuarista. Entretanto, antes de começar o julgamento, a defesa conseguiu uma manobra jurídica e o julgamento dos dois foi adiado.

A tese apresentada ontem pelos promotores Patrícia Antunes Martins e Hermínio Souza Perez Júnior, representando o Ministério Público Estadual (MPE), segue todo o trabalho que foi desenvolvido pela Polícia Civil de Pau dos Ferros, onde o crime foi investigado e elucidado. Para o Ministério Público, Aguinalda contratou dois pistoleiros, com auxílio de outras pessoas (todas citadas na investigação), para matar Elinaldo Simião e se vingar em nome do seu falecido marido, Valdetário Carneiro. Logo no início do debate, o MPE mostrou um forte argumento.

A acusação utilizou um documentário que foi produzido pela Rede Globo de Televisão, através do programa Linha Direta, mostrando a briga entre as famílias Benevides Carneiro e Simião Pereira desde o início. A intenção era sensibilizar os jurados e mostrar que a morte de Elinaldo era apenas a continuidade de outros crimes que ocorreram antes, como a morte dos dois irmãos dele, João e Aguinaldo Simião Pereira, por exemplo. "Com esse vídeo, vocês (jurados) vão entender por que Neta mandou matar Elinaldo", frisou Patrícia, antes do vídeo.

Ainda segundo o MPE, os dois homens que são acusados de executar Elinaldo confessaram em depoimento prestado à Polícia Civil, na presença de um representante do Ministério Público, que foram contratados por Neta.

Fora isso, provas materiais foram apresentadas para dar maior credibilidade à acusação, como a pistola que foi utilizada na execução e os R$ 3 mil que Neta teria pago a um dos pistoleiros. Ao todo, segundo o MPE, ela gastou R$ 10 mil. Os outros R$ 7 mil foram pagos ao outro pistoleiro (R$ 3 mil) e mais duas pessoas que ajudaram a dupla a escapar.

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