domingo, 24 de agosto de 2008

Artigo, artigo... ARTIGO

A INTOLERÂNCIA E A FALSA DEMOCRACIA

Há dias uma reflexão me atormenta. Daquelas que não deixam você pensar em outra coisa que não seja aquilo e pronto. Política. Democracia. Brasil. E no estopim dessa overdose maluca de pensamentos me veio uma indagação: será que vivemos mesmo numa democracia? É... parece um paradoxo, mas arrisco em dizer que na prática não existe. Vivemos numa democracia burguesa, onde a grande maioria dos detentores do poder faz ações visando perpetuar o seu próprio poder, e pouco pensam na coletividade.

Esses político-burgueses se elegem por quem vota pela troca de favor e não por ideologia. São esses pseudo-eleitores, que transformam nossas comunidades em verdadeiros guettos de intolerância política, não respeitando os opositores e extrapolando todos os limites possíveis e imagináveis, indo da falta de respeito às agressões de diversos níveis. Claro, eles defendem os seus interesses, sejam eles pessoais ou familiares, boa parte deles são beneficiados de alguma forma pelos político-burgueses, ou melhor, pela instituição governamental da qual fazem parte.

Há ainda quem troque o seu voto por outros favores, mas falar sobre isso numa sociedade onde a pobreza e a carência ainda é um grande problema fica complicado. Se o povo fosse eleito de fato pelo povo, mas com vistas na ideologia, talvez a coisa fosse diferente.

Neste sábado, enquanto ouvia pela internet a uma rádio de Pau dos Ferros, um programa conhecido por IN FOCO, comandado pelo Colunista Clístenes Carlos, tive um misto de susto com repulsa. Sim, repulsa! Explico: o programa abordava como tema a programação da FINECAP, que acontecerá em setembro naquela cidade. Como já era esperado, a opinião dos radialistas foi de classificar a referida programação como algo que poderia ser melhor, afinal é o que se comentava na cidade. Como o programa é bastante interativo, disponibilizaram o telefone para que a população participasse. Vários foram os telefonemas que afirmaram a programação como muito boa, como também outros, em maioria, concordaram com a opinião daqueles radialistas. Não deu outra: os ouvintes daquela radio tiveram o desprazer de acompanhar uma sucessiva tentativa de obstruir a democracia e a opinião publica, num horrendo show de intolerância. Chegaram a xingar com termos que aqui me recurso a escrever, de tamanha a falta de respeito não só com aqueles jovens radialistas, como todos os ouvintes da radio. E como isso não fosse suficiente, começaram a ocupar a linha com ligações onde nada falavam, contei 15 vezes onde pessoas ligavam e xingavam os apresentadores ou nada diziam, numa tentativa de obstruir e de calar a opinião pública e a democracia deste país. Não é necessário pensar muito, para entender que se trata de uma politicagem agressiva, de alguma militância, que confronta todos os princípios da moralidade. Arrisco em comparar estes atos primitivos, aos dos militantes nazistas, onde a intolerância pairava as mentes de muitos nesse mundo.

A intolerância anda de mãos dadas com os pseudo-eleitores, aqueles que defendem com unhas e dentes os seus interesses pessoais, que por conseqüência fazem deste país, uma falsa democracia. Retorno a minha eterna reflexão: será que vivemos mesmo numa democracia?

Por Arquiles Petrus.
Escritor, Membro da AVLAC
(Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciências).

Um comentário:

Morais Júnior disse...

As constatações são contundentes e os fatos são verdadeiros. Infelizmente a politicagem paira sobre as mentes de muitas pessoas. Ouso dizer que não há política na nossa cidade. O que há é um jogo de interesses entre a maioria dos 'pseudo-eleitores', como o artigo bem classificou. Aqueles que realmente se importam com as ideologias e propostas de real valor para o desenvolvimento da nossa cidade, são prejudicados e vitimizados pela ignorância de alguns. É realmente triste dizer isso, mas a nossa cidade ainda precisa amadurecer e evoluir, tratando-se de política e respeito as opiniões alheias. Poucos tem a sensibilidade aguçada, como o autor deste artigo.