Blog publica artigo de padre potiguar
Para os que gostam de artigos, o blog selecionou um excelente texto sobre o “sentido da quaresma”. O artigo foi inscrito pelo padre João Medeiros Filho da Arquidiocese de Natal e publicado pelo jornal Tribuna do Norte.
Boa leitura!
A palavra marcante com que se abre a celebração da quaresma é conversão. O termo, de origem hebraica, indica mudança radical de caminhada, transformação interior, diríamos, uma revolução profunda na mente e no espírito. Foi exatamente isto o que Cristo veio trazer com sua doutrina, sua vida e sua graça. Indicou ao ser humano um novo caminho, a tal ponto do apóstolo Paulo chamá-lo de: novo Adão - nova humanidade (Rm 5, 12-21).
Durante quarenta dias, somos convidados a meditar sobre nosso destino e nossa condição de filhos de Deus. Sabemos que a Igreja se alimenta liturgicamente de simbolismos. E o símbolo é aberto, enquanto a palavra linear é fechada e, não raro, pobre. Usando da numerologia, a liturgia lembra-nos, durante a quaresma, os quarenta anos de marcha do Povo de Deus a caminho da Terra Prometida e os quarenta dias e quarenta noites que Cristo passou no deserto antes de ser tentado. Portanto, a palavra quaresma está sempre ligada à caminhada e reflexão.
Como nos rituais vetero-testamentários, a quaresma exorta-nos ao jejum e à penitência (em grego: metanóia=conversão). Hoje fala-se muito na linguagem administrativa e biomédica em cortar gorduras. No jejum, deseja a Igreja que sejamos capazes de cortar a gordura do egoísmo, da violência, da injustiça e do desamor. Na sociedade hodierna de culto ao corpo, malha-se muito, caminha-se e inúmeras modalidades de exercícios são praticadas. Jejuar é malhar interiormente, eliminar excessos nocivos ao ser humano para dar lugar à fome de Deus.
A quaresma lembra também a caminhada do Povo de Deus em busca da Terra Prometida. A partir daí, a Igreja chama a atenção sobre a nossa trajetória diária. A liturgia proporciona-nos um espaço interno e temporal, durante o ano, a fim de rea-lizarmos uma viagem ao interior de nós mesmos. E assim, voltando ao que é verdadeiramente nosso, possamos nos deparar com o que ali deixamos, encontrando-o renovado. Às vezes, de volta à casa, depois de meses ou anos, muita coisa não existe mais. Da mesma maneira, o que é velho, no dizer de São Paulo, deverá desaparecer para dar lugar à novidade de Deus. Esse tempo privilegiado na vida cristã é a Quaresma. Mas, esta não é apenas um período litúrgico. Há também uma Quaresma ao longo de nossas vidas, em que devemos retornar para a terra prometida por Deus, que é, sobretudo, nosso interior e ali realizar o encontro com nossas virtudes e nossos erros.
Quaresma é tempo de aniquilamento para renascer. A cerimônia de cinzas representa uma destruição interior, o fim de tudo aquilo que nos afasta de Deus e de nós mesmos. É preciso reduzir a pó ou a cinzas nossa mentira, nosso egoísmo, nossa insensibilidade, numa palavra, nossos pecados, para que possa nascer o homem novo, que Cristo veio mostrar. As cinzas são simbólicas, significam nossa conversão, a cremação de nossos erros e o brotar de novos planos. Por isso deve surgir em nós um desejo autêntico de escuta da palavra de Deus. A caminhada, a viagem nos dá a oportunidade de dialogar e ouvir outras pessoas. A Quaresma é esse convite a uma escuta atenta e profunda de Deus. É sua Palavra que ilumina nossa vida, que nos chama à transformação interior e nos dá a verdadeira dimensão da misericórdia divina, do perdão e da graça. Somos pó e ao pó voltaremos (Gn 3, 19). Essa é mais uma das verdades sobre a qual a quaresma pretende nos conscientizar. Assim compreendemos o significado da Quarta-feira de Cinzas. Há um apelo para destruirmos o velho homem dentro de nós a fim de ressurgir um novo homem (Ef: 4-22,24). Necessário vos é nascer de novo, falou Cristo a Nicodemos (Jo 3: 3). Precisamos dar lugar a uma outra criatura dentro de nós. Eis o sentido das Cinzas que nos são impostas, ao adentrarmos na Quaresma.
Boa leitura!
A palavra marcante com que se abre a celebração da quaresma é conversão. O termo, de origem hebraica, indica mudança radical de caminhada, transformação interior, diríamos, uma revolução profunda na mente e no espírito. Foi exatamente isto o que Cristo veio trazer com sua doutrina, sua vida e sua graça. Indicou ao ser humano um novo caminho, a tal ponto do apóstolo Paulo chamá-lo de: novo Adão - nova humanidade (Rm 5, 12-21).
Durante quarenta dias, somos convidados a meditar sobre nosso destino e nossa condição de filhos de Deus. Sabemos que a Igreja se alimenta liturgicamente de simbolismos. E o símbolo é aberto, enquanto a palavra linear é fechada e, não raro, pobre. Usando da numerologia, a liturgia lembra-nos, durante a quaresma, os quarenta anos de marcha do Povo de Deus a caminho da Terra Prometida e os quarenta dias e quarenta noites que Cristo passou no deserto antes de ser tentado. Portanto, a palavra quaresma está sempre ligada à caminhada e reflexão.
Como nos rituais vetero-testamentários, a quaresma exorta-nos ao jejum e à penitência (em grego: metanóia=conversão). Hoje fala-se muito na linguagem administrativa e biomédica em cortar gorduras. No jejum, deseja a Igreja que sejamos capazes de cortar a gordura do egoísmo, da violência, da injustiça e do desamor. Na sociedade hodierna de culto ao corpo, malha-se muito, caminha-se e inúmeras modalidades de exercícios são praticadas. Jejuar é malhar interiormente, eliminar excessos nocivos ao ser humano para dar lugar à fome de Deus.
A quaresma lembra também a caminhada do Povo de Deus em busca da Terra Prometida. A partir daí, a Igreja chama a atenção sobre a nossa trajetória diária. A liturgia proporciona-nos um espaço interno e temporal, durante o ano, a fim de rea-lizarmos uma viagem ao interior de nós mesmos. E assim, voltando ao que é verdadeiramente nosso, possamos nos deparar com o que ali deixamos, encontrando-o renovado. Às vezes, de volta à casa, depois de meses ou anos, muita coisa não existe mais. Da mesma maneira, o que é velho, no dizer de São Paulo, deverá desaparecer para dar lugar à novidade de Deus. Esse tempo privilegiado na vida cristã é a Quaresma. Mas, esta não é apenas um período litúrgico. Há também uma Quaresma ao longo de nossas vidas, em que devemos retornar para a terra prometida por Deus, que é, sobretudo, nosso interior e ali realizar o encontro com nossas virtudes e nossos erros.
Quaresma é tempo de aniquilamento para renascer. A cerimônia de cinzas representa uma destruição interior, o fim de tudo aquilo que nos afasta de Deus e de nós mesmos. É preciso reduzir a pó ou a cinzas nossa mentira, nosso egoísmo, nossa insensibilidade, numa palavra, nossos pecados, para que possa nascer o homem novo, que Cristo veio mostrar. As cinzas são simbólicas, significam nossa conversão, a cremação de nossos erros e o brotar de novos planos. Por isso deve surgir em nós um desejo autêntico de escuta da palavra de Deus. A caminhada, a viagem nos dá a oportunidade de dialogar e ouvir outras pessoas. A Quaresma é esse convite a uma escuta atenta e profunda de Deus. É sua Palavra que ilumina nossa vida, que nos chama à transformação interior e nos dá a verdadeira dimensão da misericórdia divina, do perdão e da graça. Somos pó e ao pó voltaremos (Gn 3, 19). Essa é mais uma das verdades sobre a qual a quaresma pretende nos conscientizar. Assim compreendemos o significado da Quarta-feira de Cinzas. Há um apelo para destruirmos o velho homem dentro de nós a fim de ressurgir um novo homem (Ef: 4-22,24). Necessário vos é nascer de novo, falou Cristo a Nicodemos (Jo 3: 3). Precisamos dar lugar a uma outra criatura dentro de nós. Eis o sentido das Cinzas que nos são impostas, ao adentrarmos na Quaresma.
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