quinta-feira, 8 de maio de 2008

¿Por qué non te callas?


Tenho acompanhado a atuação do senador José Agripino (DEM) como líder do Democratas. Nosso representante se tornou uma referência da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Muitas vezes, é bonito ver os embates que o parlamentar trava no Plenário do Senado. Defendendo, com argumentos inteligentes, atitudes e projetos do Governo Federal. Em outras tantas vezes existiram exageros, mas toleráveis. Mas ontem, o velho Jajá extrapolou o limite do bom senso.

Aproveitando o depoimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, no Senado, Agripino cometeu um dos maiores erros de sua vitoriosa carreira política.

Na ânsia de tentar desqualificar a ministra, apontada como potencial candidata do Planalto à Presidência da República em 2010, Agripino recorreu a uma entrevista em que Dilma admitiu que mentiu para o regime militar, quando foi presa e torturada, e tentou comparar a ditadura com o Governo Lula.

Todo brasileiro que tem o mínimo de bom equilíbrio concorda que a denúncia do dossiê sobre o governo Fernando Henrique precisa ser apurada. Esclarecida, para que os culpados sejam punidos.

Agora, aproveitar isso para comparar o Brasil atual – com um presidente eleito e reeleito com votação nunca vista na República – com a ditadura militar foi um gesto infeliz. Insensato para um político que tem raízes muito firmes no regime militar. Inclusive, foi prefeito biônico (não-eleito) de Natal.

O erro de Agripino derrubou a estratégia da oposição para “emparedar” Dilma. A ministra deu uma verdadeira lição de moral no senador potiguar. Emocionou-se e acabou aplaudida por parlamentares governistas e de oposição. Saiu mais forte.

Dilma Roussef pode ser contestada por seus atos como ministra. Isso é legítimo na democracia. O que não se pode é negar a importância dela na luta para redemocratizar o país. O nosso Jajá perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado.

JULIERME TORRES, Jornalista do jornal De Fato

Um comentário:

Anônimo disse...

Nota 1000 para a matéria de Julierme Torres! O velho "Jajá" dessa vez demonstrou que segue seu nome a risca: "Já" foi mais esperto!